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O Lugar do Desejo
Tempos atrás em 2004, ministrei um seminário sobre a inclusão de alunos especiais para coordenadores e diretores da rede de ensino pública de São Paulo e me utilizei de um artigo de jornal, e que agora neste trabalho volto a mencioná-lo, pois as mesmas discussões continuam recorrentes sobre este tema.
 Em um artigo de jornal, recentemente, saiu à notícia de que está havendo um grande movimento para a extinção dos hospitais psiquiátricos no país e a conseqüente reintegração das pessoas internadas em seus lares.
O hospital frequentemente é visto como um depósito de pessoas impossibilitadas de permanecer em seus lares e que muitas vezes são esquecidas pelos familiares. A família os interna para que tenham a possibilidade de algo novo ou os descartam por não acreditarem em alguma possibilidade de recuperação ou inserção na sociedade? Não temos respostas e acreditamos que as respostas nunca serão definitivas.
Cabe aqui o questionamento sobre o lugar do desejo. Será que realmente queremos o que desejamos?
Quando levamos esta pergunta para as discussões nos diversos âmbitos sobre inclusão ou exclusão de doentes especiais em ambulatórios especiais para serem tratados na sua singularidade, talvez as respostas continuem indefinidas.
Podemos enumerar uma série de pontos positivos e outra série, talvez maior, de pontos negativos.
Quando falamos de inclusão, realmente estamos desejando que os doentes mentais sejam incluídos ou intimamente não queremos?
Porque a inclusão de doentes mentais graves, diferentes dos habituais considerados oportunos na convivência em sociedade implicará em desassogo, numa inquietação.
Nós profissionais e profissionais em formação, que temos a responsabilidade sobre estes diferentes, incluímos porque somos obrigados ou incluímos porque entendemos a necessidade?
Para aceitarmos a inclusão do doente mental precisamos passar por um processo de desconstrução do que já sabemos e depois por uma nova construção de estratégia adequada para cada doente na sua singularidade. Depois disso, as práticas adotadas deverão sofrer reavaliação e a conseqüente nova adequação, e assim sucessivamente.
O trabalho é extenuante. A exclusão, no entanto, é menos complicada, não mexe em ideais, entendemos que estamos prontos, que o nosso saber já está posto de uma vez por todas. Permanecermos na exclusão significa permanecer no que é rotineiro, menos complicado.
Para alguns a exclusão pode significar um atoleiro, para outros uma comodidade.
A dúvida está lançada.
De que lado ficar?
O significado do compromisso assumido diz respeito a nós mesmos.
A reflexão se abre para a tomada de decisão.
Isa Maria Zimermann de Araújo - Psicóloga – CRP 06/93.864 Associada CEAAP – Psicanalista pelo SEDES oferecendo Psicoterapia e Supervisão para Psicólogos na abordagem Psicanalítica no CEAAP