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Suicídio na Adolescência de Jovens LGBT*

- Postura Psicossomática -

Por Meraldo Zisman – Psicoterapeuta (*)

  

As pesquisas modernas sobre o desenvolvimento sexual demonstram ser a sexualidade humana uma construção dinâmica que deve ser entendida como uma combinação de atração sexual e identidade-gênero.  

Os adolescentes gays, lésbicas, ou bissexuais estão propensos a maiores riscos, em comparação com os heterossexuais: abuso de drogas, depressão, suicídio, doenças sexualmente transmissíveis (DST).  

A maioria dos estudos indica a prevalência da homossexualidade entre indivíduos adultos (5% a 10%). Estes números também parecem ser consistentes com os dados disponíveis sobre os jovens. Apesar de todos os avanços sócio-jurídicos, ser LGBT (lésbica, gay, bissexual ou transexual), na fase de transição da infância  para a idade adulta parece ser extremamente estressante, em especial se comparada ao estresse sofrido pelos heterossexuais do mesmo grupo etário.  

Apesar disso, existem poucos estudos longitudinais nessa população, sobretudo sobre a questão do suicídio. Não possuímos estudos comparativos quanto ao aumento ou  a diminuição do comportamento autocídio, na contemporaneidade. Os adolescentes que experimentam atração pelo mesmo sexo continuam a se rotular como heterossexuais.  

O profissional de saúde que pergunte ao adolescente sobre a sua atração ou preferências  sexuais não terá respostas sinceras. Perguntar ao adolescente sobre sua atividade sexual e as atrações que sofre, ao invés de perguntar se eles se rotulam como gays, é muito complicado e a maioria negará sua orientação sexual, que é algo que deve ser formulado na anamnese. Feita esta introdução, afirmo ser o suicídio a terceira principal causa de morte entre os adolescentes.

 Jovens LGBT são duas vezes mais propensos a tentar o suicídio que seus homólogos heterossexuais. Estar ciente do risco de suicídio em pessoas com  distúrbios de gênero é mandatório na política de prevenção. Compreender os fatores de risco e a ideação suicida é crucial para melhorar a prevenção e formular estratégias de conduta do profissional de saúde. Em paralelo, um forte apoio social pode ajudar a proteger gays, lésbicas, bissexuais e transgenéricos contra os pensamentos suicidas, automutiladores ou de risco. O apoio dos familiares, do ambiente escolar, de programas para reduzir o bullying tem se mostrado alentadores. Atitudes sócio-educacionais isentas de preconceito tem se mostrado de valia em algumas ocasiões, porém desconheço estudo sobre esse aspecto.  

Para o adolescente, o primeiro contato com um profissional da área médica é com o pediatra, médico de família, ou internista. Se esses profissionais estiverem orientados, perceberão o perigo a que essa população enfrenta.  

Conhecimento do profissional e sensibilidade em relação às questões da sexualidade influenciam fortemente o nível de conforto do paciente na busca de cuidados de saúde, em futuro que se avizinha. Eu creio que realmente temos de nos informar a respeito de quê caminhos podemos tomar para ajudar a reduzir o suicídio na juventude gay.  

Seria uma nova maneira de tratar o problema, para a qual a Psicossomática estaria apta a atuar nas diversas especialidades médicas. Para maiores esclarecimentos consultar: 'Am J Prev Med. 2012; 42:221-228'. A outra mensagem para os profissionais de saúde é não fazer julgamentos e usar linguagem neutra e sem preconceito ao lidar com jovens LGBT.

Preconceito é sentimento maléfico, mesmo quando positivo.

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*LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais)

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Nota: As opiniões expressadas neste artigo são de responsabilidade do autor e não da ABMP. Cumprimos o papel acadêmico para abrir discussões para novas ideias.  

(*)Meraldo Zisman

Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, da União Brasileira de Escritores e da Academia Brasileira de Escritores Médicos. Sócio da Sociedade Internacional de Psicossomática-London. Doutor em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade de Bristol (UK). Consultante Horonário da Univesidade de Oxford (UK). Sócio Fundador da ABMP-PE. Professor Livre Docente da Universidade Federal de Pernambuco. Cientista Visitante Tavistock Istitute. Docente do Curso de Altos Estudos Estratégicos e Políticos da Escola Superior de Guerra(1990).

 

FONTE: Informativo ABMP enviado por Psicóloga Aliene Santos - Secretária Geral da ABMP-Nacional

 

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